RESENHA DE MEIA-NOITE EM PARIS
Este é o quarto ou quinto filme que assisto do Woody
Allen e por isso, já consigo detectar algumas características presentes em sua
filmografia. Por exemplo: a extrema - bota extrema nisso!!! - ostentação da
cidade retratada da vez, o protagonista (sempre um artista da área literária)
que tem uma enorme crise existencial a lá personagem de Shakespeare e um
endeusamento platônico\romântico as personagens femininas.
![]() |
| (Gil pelas ruas de Paris) |
Os aspectos citados no primeiro parágrafo estão
presentes em MEIA-NOITE EM PARIS? É evidente que sim! Por esta razão, foi
difícil não sentir um rancinho no principio da película, no entanto, houve algo
que fez assisti-lo diferentemente de outras obras do polêmico diretor: o lado
fantástico da história. Apesar de um quase imperceptível furo de roteiro no
terceiro ato, esta é a melhor parte do filme, pois aqui existe uma boa
justificativa para exibir os belos cenários da Cidade Luz que junto com o
figurino épico, a trilha sonora apaixonante e as ótimas interpretações (para se
ter uma ideia: o Salvador Dali de Adrien Brody é hilário! hahaha) são tão
marcantes que, assim como o protagonista, provocam a sensação de estar na Era
do Ouro ou na Belle Époque francesa.
![]() |
| (Gil no seu momento "fantástico") |
'Guinho, precisa conhecer todos os pintores e
escritores mencionados?' Olha... geralmente Woody Allen costuma evidenciar
artistas - de todos as áreas e épocas - em suas obras que não é necessário
saber quem são, pois, assim como as locações exibidas, representam apenas um
acessório da trama. Entretanto, no filme resenhado em questão, a menção dos
artistas move toda a temática da narrativa, então deve-se ter pelo menos uma
noção de boa parte deles senão ficará perdido enquanto o assiste.
![]() |
| (Gil, Inez, Mimi - a mãe dela - e o pedante, Paul) |
Vamos as interpretações agora? Começando pelo
protagonista... não sou um enorme fã do tipo de interpretação de Owen Wilson
(de Marley & Eu), porém, tenho que admitir que o jeito aparvalhado de seus
personagens combinou demais com a proposta fantasiosa do filme. Também não
tenho o que reclamar de outros atores e seus personagens tanto no passado como
no presente - podemos chamar assim! - não comprometeram. Entretanto, creio que
alguns excelentes atores\atrizes foram desperdiçados em tela: o carismático Tom
Hiddleston (o Loki do MCU) e a pouca falada Alison Pill (de Scott Pilgrim
Contra o Mundo) como o casal Fitzgerald no passado e o multifacetado Michael
Sheen (a Saga Crepúsculo), fazendo o pedante Paul Bates no presente. Tem tanta
gente boa nessa obra que você vai fazer igualzinho ao meme do personagem do
Leonardo DiCaprio em Era uma Vez... em Hollywood.
O maior crime, para mim, em relação a desperdício de
talento foi ter entregado essa 'Regina George mais velha' para uma
extraordinária atriz como Rachel McAdams (de Meninas Malvadas). Sua Inez é tão qualquer coisa que, aliada a
falta de desenvolvimento da relação com o protagonista, a química entre eles é
inexistente - bem diferente em Penetras Bons de Bico, por exemplo! - tanto que
em nenhum momento você não compra o dilema amoroso que Gil tem que passar no
decorrer do filme e torce para que o mesmo escolha a parte do passado que corresponde
a este triângulo amoroso.
![]() |
| (Gil e sua noiva, Inez) |
"A tarefa do artista não é sucumbir ao desespero, mas achar um antídoto para o vazio da existência."
Mesmo tendo citados algumas ressalvas ferrenhas a
película, eu até que gostei de Meia-Noite em Paris, viu? Tudo por conta de duas
coisas que tenho um enorme afeição: a dolorosa nostalgia e minha amada
literatura. Dessa forma, recomendo-o, no
entanto, somente para aquelas pessoas que apreciam ou conhecem as famosas e
notórias peculiaridades de Woody Allen em seus filmes.
Nota: 8
Nota: 8





Comentários
Postar um comentário